Resident Evil: De volta à mansão Spencer

Posso te contar um segredo? Posso mesmo? Então lá vai: eu nunca zerei o primeiro Resident Evil na minha vida. Joguei apenas poucos minutos e sei lá por quê diabos o primeiro survival horror da Capcom não me prendeu. Nem no PlayStation, nem no seu port nanico e datado para DS.

E querem saber de uma coisa? Ainda bem! Assim eu posso me libertar completamente das amarras de um eventual sentimento exacerbado de nostalgia ao escrever estas linhas, o que certamente aconteceria se o jogo em questão fosse o Resident Evil 2 (que foi de longe o que eu mais joguei de toda a franquia). Acredito que isso me aproxima um pouco dos jogadores e jogadoras mais novos, que podem não estar acostumados com o design, a mentalidade e as mecânicas de uma revitalização de um jogo de quase 20 anos atrás. Então quando eu digo a você, caro(a) leitor(a) jovem, que Resident Evil HD Remaster merece ao menos um pouco de sua atenção, acredito que você pode confiar em mim com toda segurança.

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Do pouco que joguei do título original, as coisas que eu mais me lembro são as mais óbvias: a mansão da família Spencer inexplicavelmente bem iluminada para um jogo de terror (Eu sei, eu sei, limitação de gamedev da época e tal), os corredores, passagens, quebra-cabeças e inimigos já bem conhecidos de praticamente todo mundo – dos mais insignificantes aos mais emblemáticos. Tenho certeza que eu ficaria impressionado com o primeiro remake desse jogo se eu não tivesse tristemente deixado o Game Cube passar em branco na minha vida de gamer. Mas acho que eu não conseguiria descrever o sentimento que tive quando comecei a jogar esse jogo atualmente com outra palavra que não seja: assombrado!REmake-07

Os cenários estáticos pré-renderizados são muito bem feitos e super detalhados agora que foram refeitos em altíssima definição, mas isso nem é o que mais impressiona: Resident Evil brilha pela sutileza dos efeitos visuais, que se já deviam ser extremamente bem feitos no console da Nintendo, nos consoles da geração atual deixam qualquer punheteiro de pixels de queixo caído! Mesmo no Xbox 360, plataforma onde estou jogando, eu custei a crer que não dá sequer pra ver serrilhados nas chamas dos candelabros, por exemplo. Os corredores estão realmente escuros e tenebrosos, sombras e penumbras de objetos e de seu personagem se movimentam com um realismo desconcertante e em muitas situações o relampejar do lado de fora da mansão é quase a única fonte de luz possível!

O ponto alto de todo jogo mais antigo da franquia Resident Evil eram os ângulos de câmera fixos, que ajudavam a dar um clima tenso à exploração. E aqui esse conceito é elevado a um patamar simplesmente desgraçado: lembro que nos games antigos, o jogo sempre mudava o ângulo de câmera pouco antes de você chegar ao fim de um corredor e virar uma esquina ou entrar em um cruzamento, como se os desenvolvedores necessitassem te mostrar o que pode estar a espreita no corredor seguinte. Aqui a câmera só muda quando o jogador está quase desaparecendo na esquina, o que o deixa muito mais alerta e mais cuidadoso, tomando extremo cuidado a cada passo dado pra não dar de cara com um zumbi.

Esse é um dos motivos de eu ainda não ter zerado Resident Evil HD Remaster: nunca andei tão devagar em um jogo como agora!

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Sebo nas canela!!!

Por falar nos zumbis, a primeira vista eles são a zumbizeira de sempre, não fosse por um detalhe, os Crimson Heads: zumbis renascidos (eu sei) momentos após você os matar sem estraçalhar-lhes a cabeça com um belo headshot ou atear-lhes fogo com o isqueiro e o cantil de querosene (kerosene canteen). Esses zumbis avermelhados são mais fortes e mais rápidos do que o normal, além de dar um belo susto quando encontramos um pela primeira vez! Um tipo de inimigo formidável e desafiador, cujo conceito nunca mais foi aproveitado pela Capcom em outros jogos da franquia. Pena…

Pelo pouco que eu soube da reação de uma parcela dos jogadores por aí, tal parcela reclamou – com certa razão – da jogabilidade de Resident Evil HD Remaster, que por mais que seja adequada ao jogo, é bastante estranha para os padrões de hoje. Em uma época em que nos acostumamos com a liberdade dos jogos de mundo aberto, de fato leva tempo para aprender a controlar um personagem como se ele fosse um tanque de guerra.

Aos impacientes, a Capcom repetiu o feito naquele port do Resident Evil 2 para Nintendo 64, implementando a movimentação nas 8 direções com o uso da alavanca analógica esquerda. Tal método ainda pode incomodar um pouco no início durante mudanças de ângulos de câmera, mas já é alguma coisa. Mesmo assim eu recomendo fortemente que você ao menos tente jogar do jeito antigo, pois a movimentação mais travada proporcionada pela jogabilidade “tanque de guerra” contribui muito para uma experiência de jogo mais interessante.

Muitos gamers gostam de valorizar exageradamente a exclusividade de jogos hoje em dia mas se esquecem de que, com isso, muitos outros jogadores perdem a oportunidade de apreciar títulos divertidos só porque não compraram determinado console ou não quiseram jogar no PC. É por isso que eu fiquei tão animado com o fim da exclusividade deste remake no Game Cube: agora os fãs de longa data poderão relembrar os primórdios do survival horror enquanto os novatos, que conheceram Resident Evil através de suas distintas e recentes iterações, terão a chance de vivenciar da melhor maneira possível como tudo começou.

Então se você é fã de Resident Evil mas só conheceu essa grande franquia recentemente, dê uma chance! Aventure-se pela mansão da família Spencer ao lado de Jill Valentine e Chris Redfield. E, acima de tudo, odeie os Crimson Heads junto comigo! 😉

RESIDENT EVIL: HD REMASTER

Plataforma avaliada: Xbox 360Desenvolvedora: Capcom / Publisher: Capcom / Gênero: Survival Horror / Multiplayer? Não.

Resident Evil: HD Remaster também está disponível para PS4, PS3, Xbox One e Windows.

2 comentários em “Resident Evil: De volta à mansão Spencer”

  1. Cara, pensei aqui sobre o que você falou dos Crinsom Heads e provavelmente a Capcom não os utilizou mais porque os jogos atuais da série são sempre com movimento pra frente. Não existem mais aquelas idas e vindas pra resolver quebra-cabeças, então um monstro que retorna mesmo depois de morto nem faria tanta diferença. Em RE4 ainda chegaram a colocar algo parecido, era um monstro que só morria de verdade caso atirasse em uns parasitas que ficavam em partes específicas do corpo dele. E como sou grande fã da série, vou só complementar com uma parada que você não mencionou aí: esse remake contém vários cenários que não estavam presentes no jogo original e que acrescentam bastante ao game.

    1. Pois é, quando fiz essa afirmação sobre os Crimson Heads eu tinha na cabeça o Resident Evil 4, que é o que eu mais conheço dos jogos mais novos (e que, se bem me lembro, ainda tinha um pouco de backtracking).

      Quanto aos cenários novos… Bom, eu mal joguei o RE1 original, então não tinha como comparar e acabei deixando passar batido. =/

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