Olá, padawans! Como andam os jogos? Bem? Sou nova na área, mas eu vim tirar uns dois dedos de prosa com vocês sobre o que andei jogando ano passado.
Teve jogo de todo jeito e todo tipo e de longe foi um dos anos que mais diverti jogando, a ponto de parecer aquela festa legal que passou rápido demais. Sim, rolou aquela identificação, houve uma sintonia melhor entre os jogos e o público diversificado no qual ele está inserido. E eu espero que isto continue em 2016.
Espero que gostem. Opiniões são bem vindas, comentários também. E vamos a lista!
GOTY of The Year Bitch! – Life is Strange
Life is Strange foi um daqueles jogos inovadores, criativos e profundos que trouxeram discussões sobre a adolescência e sobre experimentar coisas – algumas são uma porcaria – pela primeira vez. A desenvolvedora francesa Dontnod colocou em um jogo composto por cinco episódios o tumulto e a descoberta das estranhezas da vida, ainda que tenha toques sobrenaturais em torno do poder de voltar alguns minutos no tempo (ah, como eu gostaria de ter isso…).
Seguindo a escola da Telltale, você tem algo entre causa e efeito. Porém a capacidade de refazer o tempo deixa as decisões mais complicadas. Life is Strange cai em algum lugar entre os jogos da Telltale e os da Bioware – as escolhas têm um impacto sobre os eventos futuros, uma decisão final acontecerá, mas as conversas e as coisas em volta dessa decisão é que mudam.
A construção dos personagens, a arte e a música toda composta de música indie (Crosses, de José Gonzalez e Something Good, de Alt-J tocando no começo do episódio 2 e 3, combinaram direitinho!) te fazem perceber que a beleza está até mesmo no ordinário e mostram como nossas pequenas ações podem significar algo para alguém.
Em certo momento eu chorei: nunca um jogo falou tão abertamente de depressão e suicídio, assumindo riscos, mostrando personagens em seus momentos mais vulneráveis e atingindo um nervo que vai doer por horas, focando não em mostrar a realidade de ser um adolescente – onde algumas coisas estão fora de seu controle – e mais sobre como é se sentir adolescente – eu deveria ter feito alguma coisa. Compará-lo com uma série de TV ou um filme, onde o principal ocorre após terminar de jogar e você pensa sobre aquilo, não é exagero: é verdade.
Prêmio “Jogo com mais horas dedicadas” – The Witcher 3: Wild Hunt
Este jogo foi um dos que mais dediquei horas em 2015. Por diversos motivos que vão desde o gênero que é meu preferido até o fato de ser completamente viciada em todo o universo – e isto inclui os livros que fiz questão de ler, hqs e até os jogos anteriores – de The Witcher.
Tudo em The Witcher 3: Wild Hunt é bonito e em comparação aos jogos anteriores toda a parte de gameplay, toda a parte de combate foi refinada. Não é o jogo perfeito, tem suas falhas, mas é visível o quanto de dedicação a CDProjekt Red colocou ali: um giro na internet e você vai ver que eles foram até mesmo atrás de um espadachim para ajudar no combate.
O mais impressionante foi ver a consequência de cada uma das escolhas feitas desde o primeiro jogo; ver a relação – que era uma das mais lindas existentes nos livros – do Geralt e da Ciri; se ver apaixonado novamente pela Yennefer e se sentir tão imerso naquele mundo que você não percebia as horas passarem enquanto jogava gwent, ou escutava a trilha sonora do jogo toda em polonês. E que trilha sonora!
A sensação nele não foi a de ter jogado, mas sim de ter vivido em uma realidade diferente, ter tentado resolver seus problemas, e ter conversado por horas com personagens cativantes.
Prêmio “Belezura para seus olhos” – Ori and the Blind Florest
Desde o dia que vi o trailer desse estrogonoficamente lindo jogo, eu esperei que fosse lançado e ele não me decepcionou em nada. Ele é lindo, sensível em seus pequenos detalhes, contando uma história de amor em uma linha crescente no melhor estilo Pixar com aquele visual que lembra os estúdios Ghibli, reforçada pela ambientação e uma vontade de saber um pouco mais daquele mundo e lhe atinge diretamente em suas emoções.
Cada cenário de Ori and the Blind Forest é um banquete para seus sentidos. Os cenários animados e repleto de detalhes, a trilha sonora sincronizada com cada parte daquele mundo fazem com que a jornada, até mesmo em seus momentos de ação, lhe traga uma sensação de paz. Poético, mágico e refinado do começo ao fim, esse metroidvania conquistou meu coração por muitas e muitas e muitas semanas, me deu a sensação de ser extremamente pequeno em comparação ao mundo e entrou na minha lista pessoal de “jogos que devem ser jogados antes de morrer”.
Prêmio “Escorrega, mas não cai” – Halo 5: Guardians
Este jogo não é ruim. Ele falha, mas não pelas razões que muitos suspeitam. Faltou um pouco de finesse e eu esperava um pouco mais dele. Ele serve como o primeiro ato de uma nova trilogia, porém ele cometeu o erro de entregar o primeiro ato de uma história sem considerar a criação de uma história para si, sendo que seu enredo significativo preenche facilmente as primeiras horas de um único jogo e a maioria de seus eventos não é coesa ou confunde aqueles que jogam, dando a impressão de que o jogo está enchendo linguiça.
Felizmente, apesar da minha decepção, o multiplayer deixa as coisas melhores: a nova mecânica de combate é versátil, maleável e cria variadas situações e modos de jogos que tornam o multiplayer divertido – e terapêutico… Wait? Não tenho culpa se FPS me acalmam, haha!
A coisa mais legal é a Warzone, um modo de 18-24 jogadores, que funciona como uma resposta efetiva para Battlefield. Você tem mapas com todos os tipos de variações geográficas e de arquitetura, com rotas alternativas e que te obrigam a ter uma estratégia para adquirir pontos, que podem ser ganhos de inúmeras formas.
Ainda que tenha me decepcionado, ele é divertido. Especialmente seu multiplayer.
Prêmio “Deu a volta por cima” – Assassin’s Creed: Syndicate
Depois da série de bugs, reclamações, erros absurdos e a lista apenas cresce, envolvendo o Assassin’s Creed: Unity, parece que a Ubisoft aprendeu algumas boas lições e os criminosos Jacob e Evie são bem vindos nesse ar vitoriano poluído da Londres de 1868 ao som de uma trilha sonora composta por Austin Wintory – o mesmo que fez as músicas para Journey.
E é monstruoso! Gêmeos, gangues, lâminas e Templários! Foi um jogo que introduziu uma personagem feminina – a Evie – na linha principal de jogos da franquia, com o devido respeito, e que não deve em nada ao seu irmão, o Jacob. Dois assassinos com senso de humor cuja interação é divertida e torna Assassin’s Creed: Syndicate um dos jogos mais divertidos da série.
Há uma alegria quase infantil em ver Londres de cima dos telhados para no próximo segundo, e com uma profunda satisfação, mergulhar no caos absoluto. Enquanto o Jacob é um palhaço obcecado por carnificina, Evie é sarcástica e condena veementemente seu irmão, mas é uma doçura de personagem. Cada um dos dois tem um estilo de combate diferente: Jacob usa a força bruta enquanto a Evie gosta de ser mais furtiva e mortal.
Com uma história interessante, uma narrativa dupla, um conto coeso e gratificante, um gameplay afinado e alguns personagens simpáticos – como não rir dos diálogos entre o Jacob e a Evie? – eu aceitei esse pedido de desculpas depois do que aconteceu com o Unity.
Prêmio “Eu esperava um pouquinho mais” – Until Dawn
Fórmula para filmes de terror adolescente: violência sangrenta, meninas maquiadas e frágeis, meninos com algumas cervejas e muitas mortes terríveis. Until Dawn não quebra essa fórmula, pelo contrário, as apresenta de uma forma feliz junto com nossos oito participantes nesse BBB mortal (pff, desculpa pela comparação).
Sim, tem aquele diálogo brega, aquele grito fino das garotas, aquele cara que vai em direção ao assassino mesmo que isso pareça não ser a decisão mais inteligente, e embora o jogo pareça pequeno nisso, ele se torna grande quando você precisa tomar decisões em torno dos relacionamentos que afetam sensivelmente a maneira como se joga e os resultados dessas decisões são agradáveis.
Sim, estava na hora de fazermos nossas decisões estúpidas dos filmes de terror e este fator cria uma tensão. Por isso, jogue de meia-noite, sem moderação.
Prêmio “Guilty Pleasure” – Rocket League
Se em 2014 alguém me dissesse que eu estaria viciada em um jogo de futebol e que me divertiria até mesmo com uma jogada ruim ou simplesmente ferrando o meu time, eu não acreditaria. Mas aqui estamos nós curtindo Rocket League. Futebol com carros e madrugadas a dentro sem ver a hora passar é o que eu tive jogando isso.
Menção Honrosa – Her Story
Quem imaginaria que um jogo como Her Story faria tamanho sucesso em 2015? Sua estética retrô, se tratando de um FMV como Roundabout ou o segundo jogo de Gabriel Knight, sua história que reverbera em nossa mente, sua personagem Hannah Smith (interpretada por Viva Seifert)…
Tudo isso me deixou com uma pulga atrás da orelha ao tentar resolver um mistério e, consequentemente passear pela intimidade da vida de alguém. Claro, são apenas vídeos, mas eles atiçam a sua curiosidade, te convidam a tentar entender o que aconteceu como se estivéssemos assistindo pedaços de um interrogatório.
Chegar ao fim, depois de ver toda a história da Hannah foi incrível e sem dúvidas eu espero por mais jogos assim no futuro.
E 2016?
2016 parece ser um ano de surpresas, mas ao contrário deste ano, minha atenção vai estar um pouco voltada para os Indies, ha! Espero por excelentes jogos e mais e mais personagens femininas: humanas, com histórias e personalidades que cativem. Jogos que façam jus ao público diversificado, cada vez mais amplo, representando-o, que nos levem a pensar e que também sirvam como voz para as minorias e para todos que queiram se expressar.