Quem me conhece, lê o Conquista ou me acompanha no Twitter sabe que eu não sou lá muito fã de jogos estilo roguelike ou roguelite, apesar de já ter me divertido com alguns títulos bacanas desse gênero. Na real, meu único problema com esse gênero de jogo é uma de suas características mais básicas: o permadeath. Eu não gosto da ideia de perder todo meu progresso e ser obrigado a começar tudo de novo quando perco num jogo e sempre prefiro games que recompensam meu esforço e tempo dedicados a eles de alguma forma.
Recentemente fui positivamente surpreendido com mais um jogo desse estilo, que rapidamente se tornou mais uma das exceções a essa minha regrinha pessoal e vem me deixando cada vez mais interessado pelos decendentes do jogo Rogue. Desenvolvido pela Rogue Snail e atualmente sob a batuta da Akupara Games, Relic Hunters Zero: Remix enfim chega ao Nintendo Switch.
Do que se trata?
Tudo começou quando Marcos Venturelli, da Rogue Snail, criou o jogo Relic Hunters Zero em 2015. O jogo chamou atenção não só por ser extremamente divertido e carismático (sendo sucesso de crítica e público e rendendo ao seu criador até mesmo um prêmio em dinheiro do BIG Festival naquele ano, antes mesmo de ser lançado), mas também pela inovadora iniciativa de ser lançado de graça no Steam (de graça MESMO, sem quaisquer microtransações) e de ter seu código-fonte aberto e lançado na internet pra todo mundo estudar, alterar e criar conteúdo para o jogo à vontade!
Cinco anos depois, ainda tendo uma base de fãs cativos sempre jogando e criando conteúdo para o jogo, a Rogue Snail, agora em parceria com a publisher Akupara Games, resolve não apenas criar uma penca de conteúdo novo para dar uma boa renovada em seu consagrado roguelite, mas também lança-lo para o Nintendo Switch, sendo a primeira vez que uma versão paga do jogo é lançada.
Mas o que é exatamente Relic Hunters Zero: Remix? Trata-se de um twin-stick shooter roguelite, no qual o jogador deve explorar o asteroide-masmorra Nemesis para encontrar e coletar 8 relíquias mágicas que lhe concedem poderes. O objetivo é achar todas as relíquias antes que o vilão Duque Ducan as pegue primeiro, impedindo que ele as use para seu fins malignos. Nesta nova versão para Nintendo Switch, o jogo recebe novidades como uma interface de usuário reformulada, uma nova trilha sonora e mais conteúdo gerado pela própria comunidade (conteúdo esse que também será lançado para a versão original para PC posteriormente).
Como em quase todo roguelite, o jogador começa com uma arminha bem básica e deve se virar com ela no início do jogo. Gradativamente ele pode coletar armas, munição e itens de defesa melhores espalhados pelos cenários – ou coletadas de inimigos abatidos – e ficar com elas para utilizar nas partidas seguintes.
Além disso, as próprias relíquias também podem ser usadas pelo jogador, garantindo diversos bônus e vantagens (como regeneração de munição, mais pontos de vida, mais dano causado a cada disparo, escudos mais fortes, etc) para ajudar na exploração ao longo dos vários níveis do jogo.
O jogo sempre começa com o jogador a bordo da nave espacial Spaceheart, onde deve escolher um personagem, se equipar o melhor que puder, e então se teleportar para o asteroide-masmorra Nemesis para enfrentar os capangas de Ducan. De início, apenas dois personagens (Jimmy, que pode usar duas armas, sendo uma por vez e Pinky, que além de atirar, também pode atacar com potentes socos) estão disponíveis , mas conforme o jogador vai executando várias tarefas, pode liberar os outros 6 personagens, cada um com habilidades e vantagens únicas.
Rápido feito um raio… ou quase
Uma das grandes virtudes de Relic Hunters Zero: Remix está na sua capacidade de oferecer partidas rápidas e frenéticas, sem jamais fazer o jogador perder o foco. Em outros jogos cujo ritmo é bastante rápido eu sempre acabo me perdendo um bocado no meio do caos, o que me faz cometer mais e mais erros. Mas felizmente isso não acontece aqui.
O ritmo dos tiroteios no jogo da Rogue Snail permite que o jogador tenha alguns momentos de respiro de tempos em tempos: os inimigos aparecem em pequenos grupos e nunca andam por todo o mapa, esperando que você se aproxime do território onde eles estão, para só então o atacarem.
Além disso, Relic Hunters Zero: Remix também oferece boas oportunidades para o jogador se preparar entre um desafio e outro: quando você termina um mundo, é teletransportado para uma pequena lojinha dentro da nave, onde você pode comprar munição, armas e outros itens disponibilizados aleatoriamente. Qualquer coisa pode ser vendida nessa loja e, se você tiver sorte e dinheiro suficiente, pode acabar comprando uma das 8 relíquias que você estava suando tanto para encontrar.
Um problema persistente
Mas infelizmente as novidades no conteúdo do Relic Hunters Zero não são a única coisa a chegar ao Nintendo Switch nesta versão Remix. Há um certo problema que acontece quando jogamos sessões longas do jogo da Rogue Snail que talvez possam incomodar alguns jogadores.
No começo das partidas – e, a bem da verdade, na maior parte do tempo – o jogo roda com desempenho perfeito, a 60 quadros por segundo constantes. Porém, conforme aumenta a quantidade de inimigos simultâneos no mapa (principalmente no modo Tempestade, mas às vezes também no modo Aventura), o framerate vai caindo gradativamente e pequenos travamentos começam a ocorrer, deixando o jogo bastante lento e prejudicando a experiência.
De início eu suspeitava que o problema pudesse ser causado por algum erro de leitura e escrita de dados, já que o jogo estava gravado no cartão de memória do meu Nintendo Switch. Mas esse problema de lentidão ocorreu novamente mesmo depois que eu transferi o jogo para o armazenamento interno do console.
Resta-me torcer pra que a Rogue Snail arrume um tempinho durante o desenvolvimento do vindouro Relic Hunters Legend para tentar reparar esse problema no Zero: Remix.
Bala pra todo lado!
Relic Hunters Zero: Remix é, sem sombra de dúvida, surpreendente: sua simplicidade e criatividade em iterar em cima de um gênero tão amado por boa parte da comunidade gamer realmente foi o bastante para me prender e até mesmo me fez considerar dar mais uma chance aos roguelikes e roguelites.
Mas enquanto não encontro novos jogos desse estilo que realmente me interessem, vou jogando mais e mais deste grande trabalho de Marcos Venturelli e sua turma. E recomendo o mesmo a vocês: joguem Relic Hunters Zero: Remix para Nintendo Switch! Ou, caso desejem sentir um gostinho antes, experimentem a versão gratuita disponível no Steam.
RELIC HUNTERS ZERO: REMIX
Plataforma avaliada: Nintendo Switch | Desenvolvedor: Rogue Snail | Publisher: Akupara Games | Gênero(s): Tiro, Ação, Roguelite
Relic Hunters Zero também pode ser jogado gratuitamente no PC, baixando-o na loja do Steam. O conteúdo Remix será lançado para esta versão em um momento futuro.
Esta resenha foi elaborada com uma cópia do jogo gentilmente cedida pelos desenvolvedores.
Texto originalmente publicado no site Select Game.